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04-04-2017 |
Placentofagia |
Krikor Boyaciyan e Luiz Camano |
O destino que se dá à placenta na espécie humana resulta de vários aspectos relativos à tradição, cultura, religião, crenças e superstições. Habitualmente, ela e seus anexos são descartados. Alguns preservam parte da sua estrutura, como os japoneses, que guardam o cordão umbilical. Há outros que enterram a placenta: os maoris, da Nova Zelândia; os esquimós; e os índios navajos dos Estados Unidos. Alguns comem a placenta: é a chamada placentofagia, praticada no norte da Califórnia e em certas regiões do Reino Unido. A placentofagia é praticada por múltiplas razões: por aumentar o bem estar devido à presença de prostaglandinas e ocitocina, promover a involução uterina, aumentar a produção de leite, diminuir a depressão pós-parto, obter efeitos estéticos e melhorar a imunidade. Ressaltamos que não são bem conhecidos os riscos da placentofagia e que poderíamos equipará-los ao consumo de vísceras não controladas do ponto de vista sanitário. Assim, protozooses, infecções bacterianas e virais podem ser transmitidas. Duas doenças oriundas de ingestão de alimentos impróprios e causadas por príons (proteinaceus infectious particles) também devem ser consideradas: a encefalopatia espongiforme e o Kuru (doença dos canibais). Príons são agentes infecciosos, não vivos, formados por moléculas protéicas aberrantes, que no encéfalo induzem a troca de conformação das proteínas normais, causando doenças neurodegenerativas fatais em mamíferos. Em atenção a todas essas considerações, a placentofagia não deveria ser praticada. A Anvisa estipula que a paciente ou a família realize requisição prévia, informando que pretende levar a placenta que, destarte, não deverá ser considerada como resíduo de serviço de saúde. Destaca, também, que a instituição deve dispor de procedimentos para acondicioná-la de forma adequada, proporcionando a entrega do material com segurança e preservando-a da ação do tempo. Julgamos que o médico não deve recomendar, aconselhar ou indicar a placentofagia. Porém, respeitando o princípio da autonomia, deve compartilhar com a paciente suas convicções, na procura da solução adequada. No diálogo, o médico deve sempre preferir a inteligente persuasão em lugar da arrogante imposição. Krikor Boyaciyan é Doutor e mestre em Obstetrícia pela Unifesp, conselheiro, diretor corregedor e coordenador da Câmara Técnica de Ginecologia e Obstetrícia (CTGO) do Cremesp. Luiz Camano é Professor titular emérito de Obstetrícia pela Unifesp e membro da CTGO do Cremesp. |